quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Bom selvagem

O princípio fundamental de toda moral sobre o qual raciocinei em todos os meus escritos é de que o homem é um ser naturalmente bom, amando a justiça e a ordem; que não há perversidade original no coração humano e qu eos primeiros movimentos da natureza são sempre retos.

O apetite dos sentidos tende ao corpo e o amor da ordem, ao da alma. Este último amor, desenvolvido e tornado ativo, traz o nome de consciência, mas a consciêmcia não se desenvolve e não age a não ser com as luzes do homem.

Quando afinal todos os interesses particulares agitados se entrechocam, tornando o universo inteiro necessário a cada homem, torna-os todos inimigos natos uns dos outros e faz com que ninguém encontre seu bem a não ser no mal de outrem. Então a consciência, mais fraca que as paixões exaltadas, é abafada por elas e não fica na boca dos homens mais do que uma palavra feita para se enganarem mutuamente.

Cada qual finge então sacrificar seus interesses aos do público e todos mentem.

Ninguém quer o bem público a não ser quando concorda com o seu.


Então, prezado Rousseau,

travam-se as mais cruéis batalhas no seio daqueles que deveriam se aliar.
Matam-se os irmãos, por que o interesse sempre foi apenas o de posse.

Mas, estimado Rousseu, acreditemos no bom selvagem.
Eu acredito.
Comentário a excerto de Carta a Beaumont, Rousseau


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