terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O OUTRO LADO DA MOEDA

Essa semana aconteceu  caiu um piano na minha cabeça.
Um piano desafinado, sem música, inútil. Mas pesado. Muito pesado.


Fui vítima de uma maldade infinita.
Recebi um email de uma pessoa (suponho que seja email falso) dizendo que tinha me visto com o marido de uma amiga minha. Que eu era aquilo e ele, um cachorro, destacando que isso para ele seria elogio. Ela tinha fotos da traição! E iria mostra-las!! Ah, como ela disse, nós dois não perdíamos por esperar. E destacou que eu usava um vestido muito bonito quando estava saindo do carro dele. Me acariciou: disse que sou muito elegante.

Assim que recebi o email, respondi com cópia para o casal. Fui até a casa deles, conversar.
Avisei que iria encaminhar para a Delegacia de Crimes Digitais. A pessoa (fake ou não) tremeu. Mandou outro email, mais estúpido, pedindo para não ser processada que tinha um bebê de sete meses para cuidar. Pergunto: onde estava o bebê dessa  senhora quando escreveu essas barbaridades?

Quanto às fotos, eu nem me preocupei. Eu sei que não tem mesmo. Mentira burra.
Mas quanto à maldade, essa pegou. Me abalei. A todos que eu contava a história, desconfiavam de uma mesma pessoa. Ontem, essa possibilidade ficou grande e explícita demais. Inacreditavelmente explícita.
Mas o estrago foi feito.

Penso que tenho prestado atenção nas minhas atitudes, procurando apaziguar aquele lado bélico que emerge das profundezas do meu ser animal e me tornar mais humana. Cuido de controlar  agressividade, com gestos, palavras e pensamentos.

E como controlar o outro lado da moeda, o de ser vítima?

Ser vítima, além de tomar a porrada, dá a sensação de impotência, de culpa, de burrice.
Ainda mais se a agressão veio daquele lado que a gente espera acolhimento.


 Maldade que vem de amigo, pensando bem , não é um piano que cai na cabeça: é uma orquestra toda. E mais o coral.

E espalha sua música desafinada, maldita, má: hoje meu filho, que me viu muito triste ontem, ficou “p” da vida com as atitudes dos supostos “amigos” e tomou porrada também. Passou mal do estômago e só conseguiu ir trabalhar agora à tarde.

E aí, você, agressora?
Tá mais feliz agora com o estrago todo que causou?
Não esquece: a vida retorna com o que se planta.
Boa colheita.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Aldemar


Aldemar foi um mito.

Um jogador que gastou tudo na roda da fortuna.
Um bom-vivan de praia.
Um aproveitador e enganador.
Um homem bonito.

Em 1958.


Em 2012, Aldemar foi reconduzido à sua realidade:
Trabalhador da Volkswagem.
Praia de final de semana.
Vida em quitinete.
Casamento fracassado.

Para Helena, sua mulher, fim das ondas e retorno aos bailes do Piratininga.
Com o peso nas costas de todo machismo siciliano.


domingo, 1 de janeiro de 2012

Sobre Ignorância da Volatilidade dos Corpos


Ouço dizer que existem sete mulheres para cada homem.
Então, me pergunto, porque existe tanto “homem corno”?
O esperado seria que, já que se tem tanta competição, encontrado e agarrado o homem, a mulher não o soltaria mais. E, mesmo que quisesse trai-lo, não haveria disponibilidade no mercado.
Geralmente classifica-se a mulher de vagabunda. Como sempre a culpa é nossa, desde Eva. “Ela não tem caráter: se tivesse não fazia isso etc etc etc etc etc.”. Como mulher eu digo que gostamos de namorar, e cuidar de um homem, fazer-lhe carinhos, dizer-lhe coisas bonitas, agradá-lo, entregar-se somente a ele. Estes são desejos profundos. A  mulher não  trai por que é vagabunda: mas por que está infeliz ou com raiva de ter sido traída, que é tristeza também.
E porque ela fica triste?
O homem acredita nesse castelo de areia de que tem à sua disposição sete – ou mais mulheres – quiçá todas as mulheres do mundo, já que ele é o mais gostosão, o mais fodão, o mais tudo que existe, que ele conhece.
Então, estando com uma, pensa nas outras seis.  Seu carinho é meia-boca.
Age como se aquela na sua frente fosse facilmente descartável pela fila à espera dele. Seu olhar é vago.
Caso se divida realmente entre duas ou mais mulheres, não consegue mesmo satisfazer plenamente nenhuma delas. Em nenhum aspecto. Sua atenção é frágil.
O homem age como proprietário: conta seus bens, define seu território com cercas e vive na ilusão de que nunca será invadido.
A mulher age como o fogo: arde mais onde há oxigênio.
Não é vagabunda. Nem há traição, que seria agir de má-fé, pelas costas. É volátil:  quando uma mulher deixa seus desejos profundos de acolher um homem e voa para outros braços , não é uma surpresa: o tal corno já sabe que cavou sua própria cova. E enquanto esta lhe fazia mil presentes, ele ao invés de retribuir, acreditava-se cada vez mais o super poderoso. E pensava em todas as outras.
Resumindo: para cada sete mulheres de um homem latifundiário, idiota, há mil socorristas com balões de oxigênio prontos para uma respiração boca-boca, fazendo fogo de lascas de pedra por onde encosta.


Divirta-se: