quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Saúde, paz e subversão

Queria deixar uma mensagem de ano novo.

Mas, como empacotar um ano inteiro, todinho, em palavras de alegria, paz, prosperidade, amor? Não que eu não queira e nem deseje isso para todos, mas um ano, com tantos dias e horas dentro de si, deve ter um espaço para acolher aqueles outros momentos que, de vez em quando, muito raramente, vivemos como tristeza, saudade, raiva, vontade de sumir (ou de sumir com alguém).

Lembrei da Olgária, Mattos, falando que o tempo, essa imaterialidade, não existe. Pensar na existência do tempo, na virada do ano, só para uma mente que insiste em desviar. Como a Olgária fala uma coisa assim?

Então surge a mensagem!
"Naturalmente subversiva é a ação da Filosofia em transcender a opinião vigente".

Experimente em 2010:
Saúde, Paz e Subversão (com moderação)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Decifra-me ou devoro-te

Decifra-me

ou

Devoro-te?







-Devora-me.... Antes, porém, decifro-te.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Medida de todas as coisas

Esse é o meio de se obter o que acreditamos ser incompatível e o que quase todos os grandes homens reuniram, a força do corpo e a força da alma, a razão de um sábio e o vigor de um atleta.


Quereis, então, cultivar a inteligência de vosso aluno, cultivai as forças que ele deve governar. Exercitai de contínuo vosso corpo; tornai-o robusto e sadio, para torna-lo sábio e razoável; que ele trabalhe, corra, aja e grite, esteja sempre em movimento; que seja homem pelo vigor, e logo o será pela razão.

Como tudo que entra no entendimento humano vem pelos sentidos, a primeira razão do homem é uma razão sensitiva; é ela que serve de base para a razão intelectual; nossos primeiros mestres de filosofia são nossos pés, nossas mãos, nossos olhos.

Para aprender a pensar, devemos portanto exercitar nossos membros, nossos sentidos, nosso órgãos, que são os instrumentos de nossa inteligência; e, para tirar todo o partido possível desses instrumentos, é preciso que o corpo que os abastece seja robusto e são. Assim, longe de a verdadeira razão do homem formar-se inteiramente independentemente do corpo, é a boa conformação do corpo que torna fáceis e seguras as operações do espírito.


Jean-Jacques Rousseau
Emílio ou Da Educação
Pág.137-140




Enfim, a medida de todas as coisas não está tão longe.

Corpo.
Ouvir, sentir, perceber o corpo.
Corpo não mente.

O cérebro, parte hipervalorizada do corpo, mente.
Se ilude. Se confunde. Pensa que é real a imaginação e se enrola.
Ou o contrário.

Meu corpo vive.
Sente.
Quer.
Deseja.
Rejeita.
Ama.

Estando viva no corpo, aprendo.
E vivo.
Intensamente a vida.

Cores

O que espero – espero construindo - são dias tranqüilos
Com turbulência mínima de desastres, de agressões, de violências
E com máxima presença de sentimentos
Todo sentimento é bom – se flui e não prejudica
Sentimento ruim é aquele preso, engasgado, sufocado
E pessoas... elas são sempre o ponto: o encontro! A beleza.

Quero saber falar baixo, ouvir baixo, sonhar alto, retribuir alto.

Quero apenas
De vez em quando
Sentar na pedra
Ouvir o mar
Sentir o pôr-do-sol
Contar as nuvens no céu
Envolver-me com o amarelo, verde e tons de azul.

Com as pessoas, suas cores e sentimentos.



domingo, 6 de dezembro de 2009

Eram os deuses psicólogos?


Finalmente as soluções para essa coisa maluca que é viver.

Sinto,
não sei bem se consciente ou
inconscientemente
que os psicólogos serão nossos deuses.
Acenam-nos com
sorrisos complacentes do tipo "eu sei o que você fez no verão passado" ou "sei o que sente agora, mas não sentirei com você para não nos afogarmos juntos";
com mundos inacessíveis - do inconsciente à primeira mamada ou aquela transa malacabada - sabem, no fundo acessar nosso ego dilacerado;
espelhos para saídas dos labirintos, aquelas encrencas nossas mais íntimas;
com sentimentos oceânicos que nos transportam de gota, de nada, a um oceano todo, tudo.


Como deuses, ficarão distantes do nosso mundinho cotidiano; das nossas mazelas; dessa vidinha humana que levamos.

Esforçar-se-ão (desculpe a construção verbal, deve ser algo inconsciente) para que "funcionemos" bem. Como um relógio, de marca as horas, mas jamais pensará em questionar a existência ou a materialidade do tempo.


Infelizmente, para nós, réles humanos, teremos esses disparates de querer ser o que não somos ou de fazer o que não podemos. Voar, como Ícaro; amar como Sereia; narcisar, como Narciso. Nós, assim, não funcionamos bem.


No fundo, no fundinho mesmo, não batemos bem. Como diz Caetano: de perto ninguém é normal.


Foucault, liberta:
"A máquina funciona. O corpo vive".


Desejo viver bem.
Mesmo que esteja "funcionando mal".



Às favas com os deuses!