domingo, 28 de junho de 2009

Toda Música

Nós estamos juntas há um longo tempo já,
A música, a música e eu.
Não me importo se todas as nossas canções rimam,
Agora a música, a música e eu...
Eu sei, onde quer que eu vá.
Nós somos tão íntimos quanto dois amigos podem ser.
Têm havido outros,
Mas nunca 2 namorados
Como a música, a música e eu...
Pegue uma canção e venha junto,
Você pode cantar sua melodia.
Em sua mente, você descobrirá
Um mundo de doce harmonia....
Pássaros de uma espécie
Voarão juntos.
Agora com a música, a música e eu...
A música e eu...

Music and Me Michael Jackson







Em todos os momentos da minha vida lá estava ela.
A música.


No coral do Instituto de Araçatuba. Descoberta.
Na fanfarra de Piedade. Conguinha.
Na Banda do Homero Campeoníssima. Hormônios.
No recital Vidal e eu: violão. Liberdade.
Nas viagens para Curitiba, na solidão do ônibus: eu , ela, rádio e violão.
Na Orquestra da Federação. Percussão. Voz.
No Coro de Jazz ULM. Mantras.
Coral da USP. Academia.
Maestro Lourenção. Tigresa afinada.
Faculdade Marcelo Tupinambá. Alê Ferreira, cantina, roda.
Jotagê. Amor.
Doçura, gravidez. Felipe.
Jotagê, choro e gafieira. Cantora.
Ágata. Voz!!
Mumbaba. CD!
Chorinho. Ademilde Fonseca. Compositora.
Parque da Mônica. Percussão. Criançada. Muita alegria.
Conservatório de Tatuí. Percussão, partitura, casa, amor.
Núcleo de Música, Centro de Música. SESC. Conquista.
USP. Música na escola pública. Mestrado.








Em todos os momentos. Nos tristes, me lembra da alegria. Nos alegres, se faz uma coisa só.



Sem ela, eu nada seria.






sexta-feira, 26 de junho de 2009

moon walk

Vejo o menino Charles da Flauta, no centro da cidade de São Paulo.
Toca como ninguém. Que coisa linda.
Seu pai do lado.
Eu vi o que aconteceu com ele.





Ouço que o pai de Michael Jackson assistia aos ensaios com a cinta na mão.
Cada erro, uma cintada. Vimos seu sofrimento por décadas.










Assisto à menininha Maísa, ao sair chorando do palco, assustada, bater a cabeça na câmera e, na coxia, ser acalentada pela mãe. Que a empurra de volta para o circo.
Que veremos dela no futuro?








Cada um, cada uns de muitos artistas, são minas de ouro para os pais.
Aliás onde estão os pais?









Nos caixas-eletrônicos?








Que pai, em sã consciência, faria de seu filho sua renda financeira, seja sob o poder da cintada, seja sob a aprovação da gracinha?


Pais, que transformam seus filhos em investimentos rentáveis (moralmente ou financeiramente) deveriam ir para a cadeia.

Que os estrelados caminhem para a lua, brilhem. Se esse for o destino deles.

Não uma imposição daqueles que somente sabem vampirizar o melhor por que não tem nada a oferecer.


Black and white

"Bob Marley morreu

por que além de negro era judeu.

Michael Jackson ainda resiste

por que além de branco ficou triste"

Gilberto Gil


Preto ou branco?

Que me desculpe o genial Gilberto Gil: nem um nem outro.

Michael Jackson nem preto em branco; seu mundo destruiu barreiras com a música.


Quando se destrói fronteiras o preço é alto.

É inadmissível transgredir. Como diz o filósofo: cada um no seu quadrado.


Por que não cantou, compôs, caminhou para lua, sendo o que era: um negro?

Seu lugar já estaria definido e estaríamos todos calmos.

Por que essa tal vitiligo, ou seja quem sabe nosso olhar, o branqueou? Por que justo ele?


Queríamos o branco, porém negro.

Queríamos no banco, como pedófilo. Banco de dinheiro ou banco dos réus?

O sabor de cada cirurgia plástica. Todos fazemos chapinha, Glória Maria. Por que ele também?


O prazer de acompanhar de cada dor que ele não aguentou, com analgésicos. Tarja preta. Tarja branca?


Artistas famosos, celebridades, são pássaros enjaulados de si mesmos. A chave da gaiola sumida.


Nem branco, nem preto, Gil.

Michael respirava contra esse mundo maniqueísta. Com dor.

Nós o queríamos branco ou preto, estrela sinalizante, pedófilo, maravilhoso.


Michael Jackson foi preto e branco. Multi-cores. Multi-raça. Multi-musical.

E nós piramos, no mundinho ou isto ou aquilo...


domingo, 21 de junho de 2009

Impotências

Quantas impotências nos rondam...

Boas, aquelas nos fazem perceber que não somos Deus, embora nos achemos assim. Embora seja penoso perceber que Deus é Outro. É o outro. E então, o caminho é olhar o outro, olhando fundo em mim.

Outras que, nos fazendo menos, nos ajudam a crescer. A dividir. A acolher.
Perceber os erros. Que não podemos tudo mas podemos alguma coisa! E então fazer.
Que sozinho não consigo. Que juntos chegamos lá!



Más, aquelas que nos brocham, com o perdão do trocadilho.
Que alimentam dia-a-dia a falta de tesão, a falta de amigos, aquele masoquismo secreto.

Quer nos fazendo pequenos de mentira, nos transformam em deuses soberanos, numa gangorra de altos e baixos que para fora é arrogância; para dentro é inferioridade. Nunca ponto de equilíbrio.

Nunca fazer nada, por que só se aceita o acerto total.

Um mundo fálico do avesso, onde o brochar é poder e o desejo, morte.

País de cegos

Quanta gente

não sabia
não viu
não era ali
não estava
não autorizou
não lembrou

deixou secreto
o que todo mundo conhecia
mas também
não sabia
não viu
não era ali
não estava
não autorizou
não lembrou


país com falta de oftalmos e distribição gratuita de óculos.

terça-feira, 9 de junho de 2009

A greve desafinada da USP

Nós na aula, hoje.

O campus meio assim diferente: nem quieto nem barulhento. Um pouco de cada.

Professor começa e surgem três alunas ( pelo menos se apresentaram assim) quiserem nos convencer a sair da sala.

Nós, nem aí.
A maior revolução: ter aula.

Persuasão zero, se houve como medir a capacidade delas de nos afetar.

Saíram bufando e ameaçando.

Voltaram depois de uns quinze minutos, numa tropa de quinze, armada.

Professor adverte: se percebermos que ameaçarão a integridade física, paramos a aula e retomamos.

Armada de um trompete e instrumentos de percussão.
Num barulho de dar dó. Dó não, por que não dava nota nenhuma.

Nós ali, parados e silenciados na sala.

Pedi a palavra. Silêncio deles: acharam que eu ia protestar contra aquilo tudo, salientar nosso direito de ter aula. Ou seja, dar pano pra manga.

"Gente, musicalmente tá muito ruim."

Ficaram assim meio pálidos me olhando. O chefe da gang, um tipo Marx de quintal, avermelhou-se. Pediu para que tocassem - diria barulhassem - mais alto.

Nós ali, na sala.
Dor de ouvido e de alma numa situação tão invasiva e agressiva.

Sugeri ao professor: "vamos para sua sala?"

Eles ficaram contentes nos vendo sair da sala. Haviam acabado com tudo. Venceram!

Na porta, o professor tapou a janela com papel.
Lá dentro, discutimos e refletimos.
Lá fora, falta de tolerância geral e de mesa redonda para o diálogo.

Uma greve desafinada não comove.
É preciso nunca abrir mão da beleza, da harmonia, da delicadeza.

Uma greve sem musicalidade fere os ouvidos.
E ninguém escuta ninguém.

Um greve de surdos não ganha, por que não é escutada.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Por um mundo horizontal



Abaixo as hierarquias





Por um mundo horizontal





onde são danças circulares


muletas não impedem o acesso


relações humanas e não hierárquicas








Abaixo nosso passado/presente coronealista

Abaixo essa baboseira



Por um mundo horizontal

Onde veja o céu

De onde quer que se olhe!

Cinco minutos

Tínhamos apenas cinco minutos.

Somente mais cinco minutos.

Eu saí para que ela entrasse.

Foram os últimos minutos.


Depois
Nunca
Mais