terça-feira, 9 de junho de 2009

A greve desafinada da USP

Nós na aula, hoje.

O campus meio assim diferente: nem quieto nem barulhento. Um pouco de cada.

Professor começa e surgem três alunas ( pelo menos se apresentaram assim) quiserem nos convencer a sair da sala.

Nós, nem aí.
A maior revolução: ter aula.

Persuasão zero, se houve como medir a capacidade delas de nos afetar.

Saíram bufando e ameaçando.

Voltaram depois de uns quinze minutos, numa tropa de quinze, armada.

Professor adverte: se percebermos que ameaçarão a integridade física, paramos a aula e retomamos.

Armada de um trompete e instrumentos de percussão.
Num barulho de dar dó. Dó não, por que não dava nota nenhuma.

Nós ali, parados e silenciados na sala.

Pedi a palavra. Silêncio deles: acharam que eu ia protestar contra aquilo tudo, salientar nosso direito de ter aula. Ou seja, dar pano pra manga.

"Gente, musicalmente tá muito ruim."

Ficaram assim meio pálidos me olhando. O chefe da gang, um tipo Marx de quintal, avermelhou-se. Pediu para que tocassem - diria barulhassem - mais alto.

Nós ali, na sala.
Dor de ouvido e de alma numa situação tão invasiva e agressiva.

Sugeri ao professor: "vamos para sua sala?"

Eles ficaram contentes nos vendo sair da sala. Haviam acabado com tudo. Venceram!

Na porta, o professor tapou a janela com papel.
Lá dentro, discutimos e refletimos.
Lá fora, falta de tolerância geral e de mesa redonda para o diálogo.

Uma greve desafinada não comove.
É preciso nunca abrir mão da beleza, da harmonia, da delicadeza.

Uma greve sem musicalidade fere os ouvidos.
E ninguém escuta ninguém.

Um greve de surdos não ganha, por que não é escutada.

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