terça-feira, 17 de julho de 2012

Santo remédio


Existe alguma coisa de atemporal no tempo.

O relógio digital eliminou os segundos:
o espaço onde a vida acontece.

Tudo agora mesmo pode estar por  um segundo.





E é ali, nos segundos, que a vida pede um pouco mais de calma.




Passa tão depressamente devagar o dia chato.
E o momento de prazer, expressamente.

Como é lindo um homem maduro, grisalho. Seguro.
Como é lindo o menino desabrochando em barba e tesão. Impulsivo.




Tenho medo do tempo, que ele leve embora beleza, consciência, agilidade.

Eu levo na flauta. O tempo musical é intemporal. Não acontece nem nos segundos, nem nas horas, nem nos anos. Acontece. Pulsa. Ali eu moro.
No andamento que a música me traz, eu ganho paz, maturidade, paciência.
Num espaço de silêncio, que escapa e invade.

O tempo cura.
Nada mais eu preciso.

sábado, 14 de julho de 2012

Poucas palavras




Enfezado.
Aquele cara bravo tem intestino ruim.

Desastrado.
Aquele que não olha os astros e faz as coisas sem atenção.

Entusiasmado.
Aquele que traz Deus (in theos) nas suas ações.