terça-feira, 17 de julho de 2012

Santo remédio


Existe alguma coisa de atemporal no tempo.

O relógio digital eliminou os segundos:
o espaço onde a vida acontece.

Tudo agora mesmo pode estar por  um segundo.





E é ali, nos segundos, que a vida pede um pouco mais de calma.




Passa tão depressamente devagar o dia chato.
E o momento de prazer, expressamente.

Como é lindo um homem maduro, grisalho. Seguro.
Como é lindo o menino desabrochando em barba e tesão. Impulsivo.




Tenho medo do tempo, que ele leve embora beleza, consciência, agilidade.

Eu levo na flauta. O tempo musical é intemporal. Não acontece nem nos segundos, nem nas horas, nem nos anos. Acontece. Pulsa. Ali eu moro.
No andamento que a música me traz, eu ganho paz, maturidade, paciência.
Num espaço de silêncio, que escapa e invade.

O tempo cura.
Nada mais eu preciso.

2 comentários:

  1. Meg
    Minha contribuição para sua reflexão sobre o tempo é de um cara, digamos, um "pouco" mais sábio e sensível que eu.
    "Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
    a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial.
    Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
    Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
    Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez,
    com outro número e outra vontade de acreditar
    que daqui para diante vai ser diferente".
    Carlos Drummond de Andrade
    É o que desejo pra você e pra mim, aqui e agora, vivendo o eterno é.
    Beijos

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Magali