quarta-feira, 12 de agosto de 2009

PAZ INTERIOR

Que dizer da guerra?

De qualquer tipo de guerra. Inclusive as cotidianas.


Assim como o príncipe de Maquiavel, o guerreiro sabe que a ferocidade do espetáculo faz o povo ficar ao mesmo tempo satisfeito e estarrecido; matar de modo espetacular ergue o reinado do medo, uma pacificação total, pois quem irá contra o poderoso? Ou, como o Soberano de Hobbes, dá conforto e preserva-se pelo medo também?

Mas quem ousaria dizer-se diferente?
Quem dentre nós sabe-se equilibrado, prudente, moderado?
Quem quer ser considerado pusilânime?


Os deuses primeiro cegam àqueles que querem destruir, segundo a mitologia grega. O herói trágico erra pelo excesso de querer acertar. Sua hybris, seu destempero, em querer ir até o fim pode cegar como fez a Édipo, que fugindo do destino cada vez mais estava nele. A sensação de sentir-se menos, humilhado, ultrajado, cega. E é preciso lutar.

Mas nós, mortais, cegos por vezes como semideuses, por motivos bem menos divinos: medo, ódio, orgulho, vaidade, hostilizamos. O bushismo, atacar para se auto-afirmar, muitas vezes pode estar em casa. Quem nunca usou de autoritarismo, leia bem, digo autoritarismo e não autoridade, dentro de casa ou no trabalho? Quem nunca agrediu com palavras? Com gestos? Com olhares? Com silêncios?

Quem nunca abusou do poder?
Quem?


Muitas manifestações de paz pelo mundo. Na base de pedras, agressões, raiva, ódio. Policial que tem por função defender e proteger, atacando. Pessoas invadindo embaixadas. Homens-bomba explodindo. Tudo pela paz. Tudo pela paz?


Esta guerra que acontece ao vivo em cores, com hora marcada, como um espetáculo criteriosamente ensaiado e dirigido, é, ao mesmo tempo, vergonha nessa altura da civilização e ocasião para reflexão, principalmente autocrítica. Como o ideograma oriental que traz em si a crise e a oportunidade. Que seja o momento da busca imediata da paz interior, como reflexo do que se deseja ao mundo. À nossa Terra, mãe que crê em filhos amorosos. Busquemos o retorno: natureza e não ecologia; infância e não pedagogia; desejo e não sexualidade. Menos cientificização e mais vida. Menos tecnologia e mais humanidade. Ou estamos na Era da Caverna Cientificizada?
Por um momento espero que cada um se responsabilize pelo abstrato que é a humanidade e faça sua parte. Eu tenho vergonha de fazer parte deste instante histórico e proponho: paz interior.
De verdade.

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