segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

 

 A VOLTA DO QUE NÃO FOI








Conheci o Larica Total num momento total flex feliz da minha vida, através do meu marido atual, o terceiro. Sim. Terceiro. Eu Acredito no casamento.

Tá rindo de que?

Meu mapa astral tem sete astros na casa do casamento.  Amei os três imensamente. Amo ainda. Só que não é fácil administrar tanta influência astrológica no meu dia a dia. Vou me virando.

Ele me chamou para curtir uma lareira e ouvir uns discos de vinil. Achei a cantada mais tosca do mundo, pois não achava possível uma lareira num apartamento. Ardi em brasas quando ele tocou lenha.

Do lado da lareira, um sofá. Do lado do sofá, uma tevê. Explodindo tudo, o Larica.

Aquele mundo de panelas perfeitas – que eu não tinha; de receitas perfeitas – que eu não conseguia nunca repetir; de casamentos bem cozidos – que eu queimei, torrei como carvão, finalmente entravam na real: busquei tanto tempo por respostas incríveis, não percebi que estava ali bem na minha frente: a faca de pão multiuso. Numa metáfora quase crística: a solução num abrir de gavetas.

Casei.  De novo.

O Larica foi morrendo.... as reprises já não satisfaziam mais.

De repente, uma invasão de forno, fogão, língua e digestão:

Perto do fogo (não mais a lareira), receitas que funcionam (evidente que não as minhas), naturebas com barbatanas do Himalaia, cozinha-marcenaria, exigências infantis – que seja doce ou com chatos pra comer, esperanças de marravilha no francês forçado, os masterchefs (virou guerra isso), bela cozinha, pesadelo cozinha, pancs (que catso isso agora?). Nem sei  quê mais.

 

A vida se complexificou em dez anos.

E então, como um bolo que sola, ressurge o Larica, só podendo vir de outro planeta mesmo.

Nem precisava do mesmo apê, da faca de pão, da panela preta, da cueca vermelha.

Não precisa voltar. Não dá pra voltar. Larica Total não precisa de âncora.

Faca elétrica ou a total flex de pão, na rua na chuva ou na fazenda - qualquer lugar é lugar de vida.

Se lixe a volta. Os ex-casamentos. A lareira. A panela preta.

Larica é presente. É teatro invisível vivo. É voo livre.

Sem roteiros, sem pratos requentados.

É pimenta no olho. É fogão da liberdade.

Larica é fodex.

 

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