no poema em que redigiu para mim, quando fiz dezoito anos:
" Não sei se não matei
o pássaro irreverente
que se atrevia a tentar passar pelos arames"
Meu pai conheceu minha alma de maneira profunda.
Mais que profunda. Me entendeu nos meus mais contraditórios movimentos.
Ele acertou na mosca quando percebeu "o pássaro irreverente" que habita em mim e me impulsiona.
O meu desejo de liberdade me arrebata e me dá o posicionamento no mundo. A partir dele eu me relaciono, eu me entendo. E se quero voar, não quero só para mim. Quero todos. Vislumbro todos pássaros capazes e livres. Minha liberdade, no entanto, não é libertina. Ela tem o peso da leveza da responsabilidade. Eu, como todos, somos responsáveis pelas nossas escolhas. Poder escolher e assumir é o que faz brilhante minha vida.
No entanto, meu pai talvez não tenha percebido que ele não matou o pássaro. Essa dúvida ele não precisaria ter.
Ao contrário, ele criou em mim o pássaro da liberdade. E me ensinou a reconhecê-lo.
Mostrou-se que ser livre é crescer.
Que o mundo adulto é a liberdade com responsabilidade que meu pássaro deseja, sempre.
Suas escolhas me inspiraram.
Seu caráter me moldou.
Sua disponibilidade para discussões me enriqueceu de conceitos.
Seus valores ampliaram o meu.
Eu cresci livre.
Eu posso escolher e, o mais importante, assumir minhas escolhas.
Sua passarinha, pai, vive livre e irreverentemente ultrapassa os arames. Com responsabilidade.
Obrigada.
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