Fazer-se mulher, numa sociedade talhada no machismo, é tarefa árdua e delicada.
Ainda somos objetos:
vale-se mais quando se tem
mais bunda
mais peito
mais coxa
menos independência
menos autonomia
menos existência
Valemos por servir ao senhor. Ainda.
Se a carne mais barata do mercado é a carne negra
a carne negra feminina é troco.
A mulher negra
bonita
peituda
bunduda
lábios grossos
carrega nos ombros o peso
de provar-se ser humano
sem apelar para seus atributos
como moedas no mercado;
de ela mesma não cair na tentação de satisfazer
o "desejo" ávido de virar-se carne, apenas
nos olhos de sexo dos homens carnívoros.
Mas o outro caminho é duro.
Eu vi, em Ouro Preto,
acho que na Casa do Conto,
os instrumentos usados na tortura e domesticação dos escravos, no Brasil.
Ali, único setor que não podia ser fotografado
o passado se rasgou aos meus olhos
e o presente surgiu, ainda coronealista e escravocrata.
Há 123 anos da "libertação"
encontramo-nos todos presos à História.
Escrevo às mulheres negras, com meu profundo carinho.
Especialmente dedicado à Joyce Pretah. Que me inspirou.
Meu deeeeus,Maga...que coisa mais linda!Estou muito feliz de ler este post dedicado a mim....tocada com a sua delicadeza.
ResponderExcluirO que disseste é de fato uma (triste) realidade.
Eu estou lendo um livro que conta a história da sexualidade no brasil ....e lá se fala muito mesmo da mulher negra que,ao mesmo tempo que era cativa,sempre sempre foi OBJETO de desejo masculino pelos seus belos atributos.
É de fato um desafio provar-se ser humano sem ter que ''apelar'' aos tais atributos.Eu travo sempre esse tipo de batalha : quero ser vista na minha condição de MULHER forte,feminina e cheia de capacidades....quero sempre mostrar que posso ir muito além de um corpo farto.
Eu amo ser negra e enalteço isso sempre...meu nome já é uma pequena prova disso.
Você é linda.
beijão!
Joyce, a luta não é fácil para nós, mulheres. Mas estamos aí. Você jamais será vista apenas pelos atributos físicos, simplesmente por qu enão se exporá ao mundo assim.
ResponderExcluirGosto de ti, menina!