Num devaneio, associo a crônica "Amor e Sexo", do Arnaldo Jabor, a belezura da música da Rita Lee e a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Onde vejo o ponto comum?
Na possibilidade da legitimação da propriedade privada.
Como podemos justificar, na Declaração Universal dos Direitos Humanos, a propriedade privada (Art. XVII)? Se fossem direitos civis, ainda vá lá. Ainda sim teríamos pano pra manga: como é o processo de apropriação? É meu por que assim o digo, ou digo assim por que é meu? Então, como se fosse natural, por que se é humano, pode ser natural, transmite-se bens de pais para filhos, em longos inventários. Proprietários, uma vez, sempre proprietários. Essa sim a verdadeira herança de sangue. Como coloca Rousseau, a sociedade civil nasce, dentre outros concursos fortuitos, no momento em que um de nós determina: Isto é meu. Insensivelmente meu. Se você não tem um pedaço de alguma coisa pra chamar de seu, ou a culpa é sua, ou o problema não é meu.
Daí para a crônica do Jabor, é um pulinho. A propriedade privada, já legitimada pela Declaração e pela civilização, passa a valer para nossos corpos. Quando digo “nossos corpos”, recorto os nossos mesmo: o corpo das mulheres. Corpos cheios de donos. Obsessivamente controlados em seus pesos e medidas, seus passos, seus padrões e castidades. Inventa-se a cama de casal. Espera-se juntar, enfim, amor e sexo. E propriedade. Propriedade agora que pretende invadir nossa imaginação. (Que mais faz a Igreja senão lutar desesperadamente para controlar o voo livre da nossa irreverente imaginação?)
Aparece então a Rita Lee, maluca beleza, e escancara nessa música nosso estica-e-puxa entre amor, sexo e propriedade. Joga na cara. Pelos ouvidos.
E a música, a crônica, a reflexão, o amor, o sexo, são todos muito bons.
Onde vejo o ponto comum?
Na possibilidade da legitimação da propriedade privada.
Como podemos justificar, na Declaração Universal dos Direitos Humanos, a propriedade privada (Art. XVII)? Se fossem direitos civis, ainda vá lá. Ainda sim teríamos pano pra manga: como é o processo de apropriação? É meu por que assim o digo, ou digo assim por que é meu? Então, como se fosse natural, por que se é humano, pode ser natural, transmite-se bens de pais para filhos, em longos inventários. Proprietários, uma vez, sempre proprietários. Essa sim a verdadeira herança de sangue. Como coloca Rousseau, a sociedade civil nasce, dentre outros concursos fortuitos, no momento em que um de nós determina: Isto é meu. Insensivelmente meu. Se você não tem um pedaço de alguma coisa pra chamar de seu, ou a culpa é sua, ou o problema não é meu.
Daí para a crônica do Jabor, é um pulinho. A propriedade privada, já legitimada pela Declaração e pela civilização, passa a valer para nossos corpos. Quando digo “nossos corpos”, recorto os nossos mesmo: o corpo das mulheres. Corpos cheios de donos. Obsessivamente controlados em seus pesos e medidas, seus passos, seus padrões e castidades. Inventa-se a cama de casal. Espera-se juntar, enfim, amor e sexo. E propriedade. Propriedade agora que pretende invadir nossa imaginação. (Que mais faz a Igreja senão lutar desesperadamente para controlar o voo livre da nossa irreverente imaginação?)
Aparece então a Rita Lee, maluca beleza, e escancara nessa música nosso estica-e-puxa entre amor, sexo e propriedade. Joga na cara. Pelos ouvidos.
E a música, a crônica, a reflexão, o amor, o sexo, são todos muito bons.
Excitantes.
Já pensou então sem a propriedade privada?
Com a imaginação solta pela relva?
Ouve!
E imagina.
Aiiiii...já falei que preciso pensar!
ResponderExcluirOi Maga....
ResponderExcluirui... lendo essas coisas, 40 anos anunciando...
dá pra refletir bastante!
Amei!
Paty